sexta-feira, 23 de outubro de 2015

1.Fazenda Suissa 1925 a 1955 (3)


1.3 Instalações de Secagem, Armazenamento e Beneficiamento de Café (2)

O Secador

O secador sem dúvida sempre foi e continua sendo a construção mais imponente da Fazenda Suissa. É um bloco de aparência compacta com 15m de largura, 20m de comprimento e 15m de altura, sem contar a torre central de elevadores que acrescenta um volume de 8m à altura da cumeeira. Ao nível do terreiro ele abriga os tambores de secagem e elevadores que transportam o café da moega para as tulhas de descanso que preenchem todo o espaço superior.

A foto abaixo mostra o secador durante a montagem do revestimento de tábuas das fachadas com a cobertura com chapas de cimento amianto, material ultramoderno para a época, já pronta.



 Junto ao secador havia a fornalha, o lavador e o grande galpão da moega onde era recolhido o café pré-secado no terreiro ou nas tulhas secadoras para depois ser conduzido ao secador.


 Os desenhos abaixo mostram a situação aproximada e as dimensões dessas construções. Muitas delas foram demolidas (tulha norte, moega, lavador, tulhas secadoras) ou modificadas no decorrer do tempo como o secador que perdeu sua imponente torre.



A Tulha
As paredes de alvenaria revestem e protegem contra as intempéries os dez compartimentos de madeira onde se guardava o café em coco, o ouro verde. Essas tulhas eram abastecidas por cima através de vagonetas cujos trilhos vinham diretamente do terreiro. Elas corriam sobre uma ponte vazada dentro do telhado e eram emborcadas para despejar o café entre os vãos do piso da ponte.
No fundo das tulhas há uma vala larga guarnecida com uma esteira que leva o café até a máquina de beneficiamento
Todos os anos um Corujão-de-Igreja (Suindara) cria seus filhotes dentro de uma vagoneta. A noite ele vai até o alto do secador, abre as grandes asas brancas e sobrevoa nossas casas em busca de alimento soltando aquele piado curto, tic-tic-tic-tic. Mas tem uma jiboia bastante velha que mora na tulha e, quando a coruja mãe se descuida, ela às vezes consegue devorar um filhote de Suindara – que banquete!







1.Fazenda Suissa 1925 a 1955 (2)


1.3 Instalações de Secagem, Armazenamento e Beneficiamento de Café (1)


Conforme mostra o desenho abaixo desde 1925 muitas construções, principalmente casas, desapareceram enquanto outras foram acrescentadas na Sede Operacional da Fazenda Suissa.


Porém ainda se nota a grandeza do empreendimento essencialmente nas instalações para o café.


Terreiro:


O terreiro é plano e mede 100m por 136m. Tem um aterro de mais de 8 metros no ponto mais alto na face norte e um corte de 4 metros no ponto mais baixo na face sul. Se imaginarmos que essa terraplanagem foi feita manualmente, apenas com ajuda de enxadões, pás, carrinhos e carroças, impressiona a grandeza da tarefa tão bem executada apesar dos meios precários.
O terreiro tem um leve declive para o escoamento das águas da chuva e um sistema de drenagem junto às muretas das quadras. No centro delas há uma linha de trilhos para as vagonetas que recolhem o café do terreiro até o secador e as tulhas. No lado de cima, onde foi feito o corte no terreno há uma galeria de água profunda com 60 cm de largura que deságua num túnel na mata além da Casa do Guarda-Livros. Antigamente percorrer esse túnel fazia parte das aventuras e provas de coragem da criançada. Depois virou lenda e dizem até hoje que há um túnel que vai do casarão até a mata por onde o patrão podia fugir em caso de emergência. A lenda nunca foi desmentida, mas isso é outra história...


As Tulhas Secadoras


As Tulhas Secadoras caíram em desuso com o aprimoramento dos secadores mecânicos.  Por isso há muito tempo deixaram de existir na Fazenda Suissa, mas constam das fotos antigas do álbum de Fritz e Ernst Loosli.


Para conhecer melhor o funcionamento dessa construção fomos visitar a Fazenda Monte Bello em Ri-beirão Claro, uma fazenda centenária cujas instalações para café estão impecavelmente bem preserva-das e formam um conjunto muito bonito e interessante conforme se pode observar nas fotos a seguir.


A tulha tem estrutura de madeira sobre pilares de alvenaria e fechamento de tábuas. Cantoneiras de tábuas atravessam a tulha de um lado ao outro aparecendo nas fachadas laterais como centenas de triângulos por onde circula o ar para a secagem do café estocado no interior. O abastecimento da tulha se faz pelo oitão e a descarga pelas comportas no fundo. 

3 comentários:

  1. Mesmo com inúmeras mudanças tecnológicas a ferramenta usada para amontoar o café no terreiro, chamada "vaca", ainda está presente em muitas fazendas.

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  2. história fantástica. eu como arquiteto, docente, pesquisador fiquei fascinado. Gostaria de saber se é possível visitas À estas estruturas remanescentes na fazenda. também gostaria de saber se tenho com quem conversar sobre serrarias japonesas na região? preciso de algumas informações da década de 40 e talvez alguém possa saber o use lembrar.

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  3. maravilhoso conjunto arquitetonico
    nao se faz mais ,tem que preservar a historia

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