terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

2.Fazenda Suissa e Fazenda Sabiá 1955 a 1985 (3)
Após a dissolução do espólio de Max Wirth os dois cunhados que ficaram com a Fazenda Suissa começaram implantar seus diferentes estilos de gestão. Dr. Pedro gostava da agricultura e cultivava seus novos cafezais com carinho, mesmo porque ele contava com toda a infraestrutura necessária para o processamento do café. Já Dr. João acabara de voltar de uma viagem aos Estados Unidos onde estudou novas perspectivas para a produção de carne. Como ele ainda não tinha uma sede operacional na nova Fazenda Sabiá ele aproveitou para substituir os cafezais por pastagens.  

2.5 A Equipe de Construção da Nova Sede
Por volta de 1962, depois que o escritório de arquitetura Pestallozzi forneceu todas as plantas das casas novas da Fazenda Sabiá, Dr. João foi buscar uma equipe de construtores competentes na Fazenda Paredão.
Seu cunhado Dr. Pedro que lá morava convocou o suíço Walter Tobler, um amigo de infância. Ele era marceneiro de mão cheia, mas atuava principalmente como construtor, profissão de maior demanda naquela época de divisão das fazendas. Em 1953 Walter Tobler havia contratado um mestre carpinteiro em sua terra natal para completar sua equipe brasileira. Erwin Mathys jovem mestre era filho de uma tradicional família de carpinteiros dos confins do Emmenthal. Ele queria se aventurar no Brasil e desta forma juntou a fome com a vontade de comer, conforme manda o ditado. Vindo para cá foi contratado por Walter mas não tardou à se tornar sócio do compatriota. No final da década de 1950 ambos casaram com moças de Oriente-SP e os negócios começaram a prosperar. 

 Dr. João pediu à dupla Tobler-Mathys de erguer todas as construções necessárias para a nova sede o mais rápido possível. Enquanto isso Paul Ackermann, o administrador que morava na Mansão Ventania, arrancava café, semeava pastagens, enfim, cuidava das lavouras e do gado. Os sócios construtores chegaram com a turma num pequeno caminhão Opel e montaram acampamento em baixo da figueira, única ainda pequena sombra do local.



Construíram primeiramente um reservatório de água subterrâneo com capacidade de armazenar 86’000litros  e uma caixa d’água elevada de 17’000 litros no topo da colina junto à futura sede. Era uma obra de concreto armado muito exagerada em sua robustez, mas ousada em sua estrutura e moderna no visual.


 Logo que foi possível utilizar o reservatório ele se tornou a alegria da turma da construção. Todo fim de expediente os homens se jogavam pelados naquele grande tanque, nadavam e brincavam para se refrescar da labuta diária no descampado sem sombra




Os Galpões de Erwin Mathys

Em seguida construíram o grande galpão de máquinas conforme projeto de Erwin Mathys, com tesouras que vencem grandes vãos utilizando peças relativamente curtas unidas somente com cravilhas dispensando parafusos. O projeto otimiza o uso da madeira em relação à sua área coberta de 440 metros quadrados. As tesouras treliçadas vencem um vão entre apoios de 13 metros e acrescentam mais 4,50 metros de balanço em cada lateral completando 22 metros de comprimento.



 Tão logo ficou pronto o galpão passou primeiramente à abrigar a fabricação dos blocos de concreto utilizados na construção de todas as casas, dos quartinhos da cocheira, da oficina e do escritório. Além disso, a turma também mudou o acampamento da figueira para o conforto do galpão.






Em 1963 Erwin Mathys e sua esposa Dirce haviam se mudado de Oriente para a Fazenda Suissa à fim de acompanhar de perto a equipe de construção da nova sede da Fazenda Sabiá, sem abdicar ao conforto de uma casa de alvenaria. Eles moravam ao lado da casa do guarda-livros. 




Ao mesmo tempo em que ele orientava os trabalhos de construção da nova sede da Fazenda Sabiá, ele também ajudou a modernizar a Fazenda Suissa. As tulhas secadoras foram demolidas e no espaço por elas ocupado foi construído um galpão para guardar máquinas, parecido porém maior que aquele da Fazenda Sabiá.
O secador passou por uma reforma na qual se retirou a torre do elevador principal, se instalou fornalhas mais eficientes e se construiu uma nova moega.


Todos esses trabalhos foram realizados pela equipe Tobler-Mathys, mas o mestre carpinteiro do Vale do Emmenthal era o engenheiro chefe que calculava todas as peças e junções garantindo a estabilidade das estruturas. Trinta anos mais tarde ele foi consultado para uma modificação simples da estrutura do telhado da moega. Foram retirados 2 pés-direitos sem alterar as tesouras. A folha à seguir é parte do projeto de alteração que Erwin Mathys calculou e desenhou de próprio punho.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

2.Fazenda Suissa e Fazenda Sabiá 1955 a 1985 (2)

2.3 O Sertãozinho
No período do condomínio após o falecimento do patriarca, o gerente geral da Fazenda Suissa, Ernst Loosli, se aposentou e foi cuidar de sua propriedade próxima ao perímetro urbano de Guaimbê.

Seu sucessor Ernesto Öhninger era um jovem técnico agrícola crescido e formado nos pomares de macieiras, pereiras e pessegueiros do Cantão de Thurgau na Suíça. Coube a ele a renovação e os cuidados das novas lavouras de café em curva de nível, além de iniciar os reflorestamentos de pinus e eucaliptos. Porém primeiro ele pode saborear um pouquinho a aventura de desbravar terras intocadas pelo homem branco. 
Havia no canto oeste da fazenda um resto de mata virgem chamado Sertãozinho que logo mais passaria a fazer parte da Fazenda Sabiá. O mapa abaixo ilustra a Fazenda Suissa já com as reformas implantadas nos anos que se seguiram pelo filho Dr.Pedro e pelo genro Dr.João, ambos engenheiros agrônomos sucessores de Max Wirth.


Em 1957 Hans Peter Wirth (Dr. Pedro) que encabeçava o condomínio arrendou o Sertãozinho ao Sr. Koishi Tokuda e sua família para derrubar parte da mata e plantar algodão durante 2 ou 3 anos, sob a orientação  do administrador Ernesto Öhninger.




Conforme nos conta seu filho Sr. Minoru Tokuda antes de se estabelecer na Fazenda Suissa a família havia tentado a sorte em diversos municípios do Oeste Paulista como Nova Europa, Itápolis, Jales e Araraquara. 
O casal Tokuda tinha 4 filhos homens que ajudavam na roça e uma filha já casada que morava em Pompéia. Após a derrubada a família montou uma casa de madeira, plantou algodão e cultivou uma roça para subsistência. Seu meio de transporte era um carroção puxado por diversas juntas de burros com o qual sempre vinham até a sede conversar com Sr. Ernesto e se abastecer no armazém da fazenda.



2.4 Fazenda Sabiá (1): As Moradias

Mansão Ventania

Johann Viktor Baumgartner (Dr.João) assumiu sua parte da Fazenda Suissa e deu-lhe o nome de Fazenda Sabiá. Contratou Paul Ackermann um administrador suíço que todos chamavam de Paulão. Ofereceram-lhe uma moradia confortável na antiga sede, mas Paulão resolveu construir sua própria casa de madeira no meio das colinas descampadas da Sabiá onde haviam arrancado o velho cafezal e plantado gramão para a formação de pastagem. Assim estaria mais próximo do serviço. O vento castigava sua nova casa sem piedade por isso Paulão plantou uma figueira nos fundos e deu o pomposo nome de “Villa Durchzug”, Mansão Ventania livremente traduzido, ao seu novo lar.



A Sede Nova

Na Fazenda Sabiá já havia três colônias onde os trabalhadores moravam em casas geminadas muito simples. A colônia principal, Santa Maria, hoje ainda está bem preservada e as outras duas, São José e Jiquiri, desapareceram só restando poucos vestígios.

Faltavam, no entanto casas confortáveis para os colaboradores mais qualificados como mecânico, tratorista e escrivão. No início da década de 1960 Dr. João contratou o escritório de arquitetura Pestallozzi de São Paulo para elaborar o projeto dessa nova sede planejada para ficar ao lado da Mansão Ventania. O arquiteto e seu irmão artista vieram para o interior num carro Aero Willis modernoso, ficaram por alguns dias na casa do Dr.João e Dona Verena. Enquanto o arquiteto debatia as diretrizes do projeto com os proprietários o irmão pintou o retrato que hoje está no escritório da fazenda. O resultado dessa visita foi um conjunto de 6 casas com telhados de fibrocimento de uma água e pequeno alpendre na frente.


As casas tinham 2 quartos, sala, cozinha, banheiro e área de serviços com dimensões generosas e a leveza característica da arquitetura modernista da época. Fugindo da tradição colonialista onde as casas padrão eram alinhadas ao longo de uma rua o arquiteto optou por agrupá-las aos pares deixando um gramado central. Cada casa tem seu quintal com pomar, galinheiro e pocilga no fundo – enfim uma sede modelo moderna!