sábado, 5 de novembro de 2016

3.6 Fazenda Suissa (1985-2015) 3

Produção de Carvão e Pecuária
Conforme a infestação de nematódeo se espalhava pelos cafezais os talhões foram gradualmente sendo substituídos por pastagens, seringais ou reflorestamentos de pinus e eucalipto. Para processar a madeira Sr.Geraldo abriu uma serraria em providenciou a construção de fornos de carvão com o objetivo de manter empregos das famílias que moravam na Fazenda Suissa. A tarefa do carvoeiro, além de encher e esvaziar os fornos, é ficar atento ao cozimento da madeira regulando a entrada de ar. Os funcionários habituados à lida do café enchiam os fornos, iniciavam a carbonização com um fogo brando e, acreditando que a missão estivesse cumprida, iam descansar ou fazer compras na cidade. Assim acontecia com freqüência que o conteúdo dos fornos era incinerado sem deixar sequer um tição.

Para corrigir essa situação Sr. Geraldo pediu ao seu filho Renato Spiller para chefiar esse novo setor e contratou o Beto, um profissional de carvoaria, que iniciou sua tarefa construindo logo mais meia dúzia de fornos. Onde antes trabalhavam 6 pessoas com 6 fornos Beto passou à cuidar sozinho de 12 fornos sem a menor correria e ainda sobrava tempo para freqüentar o bar da cidade. Renato comercializava o carvão em Marília. Seu produto ganhou fama nas churrascarias pela boa qualidade e prontidão na entrega. Para isso ele contava também com uma equipe de três empacotadores encabeçada por José Roberto da Silva filho mais velho de Cyrso Francisco da Silva, também conhecido como Cafuringa.


Reforma do Grande Galpão da Leiteria
Paralelamente ao carvão a pecuária ganhou importância na fazenda. Esse setor foi chefiado por Cícero Sena de 1982 até 1990. Havia o rebanho de gado nelore para corte e o gado de leite com muitas vacas mestiças da raça parda suíça. Já na década de 1980 foi requisitado o registro PC (puro por cruza) de algumas delas na associação, iniciando assim uma rigorosa seleção. Após 6 anos a Fazenda Suissa tinha o segundo maior rebanho de gado pardo-suíço registrado e alcançou 1500 litros de produção diária com 120 vacas em lactação. Cafuringa fazia parte da equipe da leiteria e sempre cuidava do gado durante as exposições onde por diversas vezes conquistou o prêmio de melhor tratador, pois era muito comunicativo e sempre prestativo. 
A leiteria funcionava num grande galpão projetado e construído por Erwin Mathys à pedido de Dr. Pedro em 1972. Para garantir o perfeito funcionamento da leiteria foram construídas no final da década de1980 mais duas casas onde passaram à morar as famílias de Cafuringa e Sr. Sebastião Barbosa. No início as vacas eram ordenhadas com o bezerro ao pé, sistema no qual não há um bom controle da alimentação dos bezerros. Em conseqüência eles ficavam fracos, muitos pegavam pneumonia e se optou por transferir todo o gado jovem para a sede. Com a eliminação do bezerreiro a sala de ordenha foi ampliada e uma grande plataforma de alimentação foi construída no miolo do galpão. Entre as duas filas de cochos passava o carro de boi distribuindo a silagem ou o capim napier picado com fartura, pois a vaca regula pela boca o leite que soltará durante a ordenha. 



 Galpões de Recria
Na sede foi então construído um conjunto de quatro galpões tanto para a recria de tourinhos como para os cuidados com os bezerros, criados longe das mães a fim de aperfeiçoar a ordenha sem castigar os pequeninos.

 A construção principal tem a planta baixa em cruz e fica no centro de um curral de manejo. Aí se fazia o controle de peso e triagem dos animais jovens.

 No próximo galpão ficava o bezerreiro sob os cuidados de Claudia Sena, filha do Sr. Cícero. Nos dois outros havia apenas cochos para complementar a alimentação dos animais em crescimento. O fechamento dessas construções se dá através de portões-veneziana móveis que cobrem as fachadas laterais controlando a incidência de luz e chuva.

O conjunto todo, e em especial o galpão principal com sua bela estrutura de madeira roliça, foi executado pelo chefe de manutenção e construção Sr. Aderbal Melvino Moura seguindo à risca o projeto de Erwin Mathys, o mesmo mestre de carpintaria suíço que projetou a leiteria.
Os encaixes em estruturas com madeira roliça são difíceis para executar pela falta de padronização dos diâmetros. Por isso Mestre Mathys, conhecedor dessas limitações, projetou somente cortes simples, parafusos passantes e cunhas nos pontos de  transmissão das forças como mostra a foto do apoio dos pés direitos e dos pontaletes do lanternim .

 O Curral
Em 1997 Sr. Geraldo resolveu contratar a mais conceituada empresa de consultoria em pecuária de Piracicaba - a Boviplan. Os sócios Ricardo Burgi e Manfred Folz elaboraram um plano de gestão e escolheram jovens recém-formados para executá-lo. Entre outras coisas eles propuseram a construção de um curral onde os animais sofrem menos estresse durante o manejo por conta da seringa em curva conforme mostra a planta a seguir.