sábado, 21 de novembro de 2015

1.Fazenda Suissa 1925 a 1955 (6)

1.4 Manutenção, Administração e Abastecimento (2)



Administração: Escritório e Armazém

O escritório, uma das primeiras construções feitas em alvenaria, tem quatro ambientes: a sala do escrivão onde trabalhava o guarda-livros, um corredor bem iluminado com uma bancada para pesar e organizar a mercadoria, o armazém de mantimentos, ferramentas, secos e molhados, além da sala onde eram guardados os tecidos.


O guarda-livros anotava todas as empreitas realizadas e os fornecimentos referentes à 200 contratos familiares nos livros ainda guardados desde 1922 até hoje. Cada contrato tinha um titular que reunia sob sua responsabilidade diversos trabalhadores, membros de uma mesma família. Fritz Loosli conta que para renovar um contrato familiar a fazenda doava uma novilha ao titular como estímulo para a continuidade da família no trabalho.

Além disso, o guarda-livros controlava os estoques do armazém e a venda da produção da fazenda. 


Havia uma linha de ônibus da empresa Pássaro Amarelo que fazia o trajeto Getulina-Garça quatro vezes ao dia. A parada na Fazenda Suissa ficava logo abaixo do escritório em frente à casa do fiscal geral. Como a fazenda tinha boas relações comerciais com a concessionária Ford de Garça eles recolhiam diariamente a correspondência vinda de São Paulo e Santos pela Companhia Paulista de Estrada de Ferro para encaminhá-la até a fazenda através do Pássaro Amarelo.


Abastecimento: Armazém, Açougue e Posto de Combustível

O armazém era aberto aos sábados para os moradores se abastecerem com feijão, arroz, farinha, sal, açúcar e peixe salgado.  Na porta ao lado funcionava o armarinho onde eram vendidos tecidos, agulha, linha, enfim tudo que se fazia necessário para as mulheres confeccionarem as roupas de seus familiares. Havia também alpargatas e botinas para completar a vestimenta e artigos de higiene como sabonetes e pasta dentifrícia. O guarda-livros tinha um ajudante para auxiliá-lo no atendimento. O primeiro guarda-livros foi Willy Schmidt, depois, nesses primeiros 30 anos, o sucederam Walter Beck e Mauro Ebner, do qual Fritz Loosli ainda menino, foi ajudante.

As colônias eram compostas por duas carreiras de casas. O mangueirão, um grande pasto comunitário onde os colonos criavam seus porcos, cavalos e gado, preenchia o espaço entre elas. Cada casa tinha um paiol de milho para complementar a alimentação dos animais. 
Atrás do armazém havia o açougue e a casinha da bomba de combustível para abastecer os caminhões Ford. O abate de animais era feito num matadouro junto ao córrego do Jiquiri e a carne era cortada e distribuída no açougue toda quinzena.


Abastecimento de Água e Energia
A água consumida na fazenda era proveniente de minas. Na casa sede porém havia um poço de 30 metros de profundidade com um catavento que abastecia a caixa d'água elevada. A antiga tubulação de ferro galvanizado ainda é parcialmente utilizada nos dias atuais. O conjunto de caixas de captação reúne a água levada até um tanque localizado aproximadamente 70 metros abaixo do nível da sede. Numa casinha ao lado do tanque há um grande motor movido a óleo diesel utilizado para bombear a água até os grandes reservatórios de alvenaria no alto do morro. Esse sistema funciona até hoje, apenas foi trocada a bomba.



A energia para o funcionamento das instalações de café e da serraria era provida por caldeiras de vapor aquecidas à lenha. Já a iluminação das casas se dava através de um gerador à diesel que era ligado diariamente por duas ou três horas depois do anoitecer.
A vida dos pioneiros sempre foi voltada primeiramente para o trabalho. Por isso o tempo era marcado pelo repicar do sino comandado pelo fiscal. O sino repicava ao alvorecer para despertar os colonos, uma hora e meia depois repicava para chamar ao trabalho, mais tarde tocava para o intervalo do almoço e no final do dia anunciava o fim da labuta diária.
Anos mais tarde, a pedido dos funcionários, o sino foi substituído pela sirene há muito utilizada nas fábricas da capital porque o sino lembrava a escravidão, a falta da liberdade tão essencial para a existência humana.


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