sábado, 14 de novembro de 2015

1.Fazenda Suissa 1925 a 1955 (5)
1.4 Manutenção, Administração e Abastecimento (1)

Manutenção: Serraria e Oficina
O primeiro e principal material de construção da Fazenda Suissa foi a madeira retirada após a derrubada da mata. Portanto as duas serrarias foram peças fundamentais na implantação da infraestrutura. Uma foi montada na sede junto às instalações de café e a outra próxima à estrada de Lins, junto com o galpão da máquina de algodão no vale do Ribeirão Guaimbê.


As toras retiradas da derrubada eram serradas em vigas, vigotas, caibros, pranchões ou tábuas conforme a necessidade. Ainda hoje todo o madeiramento das coberturas na Fazenda Suissa foi beneficiado nessas serrarias, principalmente a da sede, porque a Serraria Velha foi desativada depois de 1924 quando a máquina de algodão pegou fogo queimando uma safra inteira.


Para o desdobro das toras se utilizava uma serra Pica-Pau. As toras eram colocadas em uma plataforma sobre trilhos com sistema de polias ligadas ao motor da caldeira a vapor que acionava uma folha de serra horizontal. Além da Pica-Pau havia outro maquinário como a serra circular, a tupia e na bancada se utilizava todo tipo de ferramenta manual desde a enxó, o formão, o arco-de-pua, e muitos outros esquecidos nas marcenarias modernas. Mas o apito da caldeira e o barulho do incansável vai-e-vem da serra Pica-Pau eram o som do progresso naqueles dias.



Toras com diâmetro maior de um metro não passavam sob a estrutura da serra por isso não eram utilizadas. Assim, depois da derrubada da mata, as mais majestosas árvores eram enterradas em valas profundas e cobertas com terra para não atrapalhar o plantio e o cultivo das lavouras.


 A serra Pica-Pau ficava em uma ponta do galpão e na outra ficava a oficina.

A oficina era outra peça chave para o funcionamento da fazenda. O primeiro mecânico foi o Sr. Schmidt que está sentado sobre a esteira do trator na foto abaixo. Atrás dele vemos seu irmão Willy Schmidt o guarda-livros. Sentado no capô está o gerente geral Ernst Loosli e na frente em pé Max Morel, um dos administradores.


 Max Wirth Junior descreve o advento desta foto da seguinte forma:

“ Essa foto mostra como por si só, um avanço tecnológico pode ser enganoso. Até então havia nas estradas da fazenda somente tração animal de cavalos, mulas e bois. As carroças e os carros de bois tinham grandes rodas de bitola estreita, eram puxadas por 6 juntas de animais que aos pares sob o peso das cangas venciam qualquer terreno. Logo havia 200 mulas e dezenas de carroças à cuidar mas já que não faltava terra para pastagens o problema maior era conseguir carroceiros habilidosos. A colheita aumentava juntamente com a área de plantio. Muitos quilômetros de estrada arenosa, o calor e a sede obrigavam a troca frequente dos animais e jornadas de trabalho reduzidas. Com o acúmulo dessas dificuldades algo tinha que ser feito a respeito dos transportes. A solução do problema parecia ser a mecanização mas como os caminhões Ford e Chevrolet, os únicos disponíveis com qualidade e preço razoável, transportavam pouca carga e sempre patinavam nos areões só restava arriscar a importação da última novidade: o trator de esteira Hanomag que os irmãos Bromberg tinham acabado de receber de sua sede em Hamburgo. Esse trator era sensacional, forte como um tanque de guerra, motor a gasolina com 100 cv, barulhento, acionado por alavancas, manivelas e pedais, com uma cabine atrás do comprido capô de latão polido. Ele puxava uma carreta sobre esteiras com o dobro do comprimento dos carros de boi e capacidade de carga três a quatro vezes maior, adequado ao solo fofo, enfim o veículo ideal! A sensação, o monstro Hanomag e sua gigantesca carreta, durou pouco como costuma acontecer com sensações, pois ficou evidente que um avanço tecnológico no lugar errado pode ser enganoso. Esse primeiro trator de esteira dos anos 1920 chegou cedo demais. O motor superaquecia e as esteiras quebravam em pouco tempo vitimadas pela abrasão da areia. A boa ideia não estava amadurecida porém o feito pioneiro apesar de grandioso foi logo esquecido”

Um comentário:

  1. Boa tarde.
    Posso usar a foto do trator em meu blog? www.tratoresantigos.blogspot.com

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