1.Fazenda Suissa 1925 a 1955 (7)
1.5
Saúde, Educação e Lazer (1)
A
Fazenda Suissa fica entre Lins e Marília, distando aproximadamente 40 quilômetros de
ambas as cidades. As estradas eram precárias e os meios de transporte escassos.
Por isso se fazia necessário uma estrutura física e serviços completos para
atender a população residente de mais de 1000 pessoas. Vimos anteriormente que
tinha instalações tanto para a produção e manutenção, como para atender as
necessidades cotidianas seja o armazém, o açougue, a escola, a farmácia ou o clube.
Saúde:

Assim descreve Max Wirth Junior o melhor amigo de seu pai, o pioneiro Max Wirth fundador da Fazenda Suissa.
Juntos
os amigos chegaram a desenvolver um projeto chamado Vitafarma para produzir
vacinas contra a poliomielite e outras doenças. Infelizmente essa iniciativa,
apesar de diversos esforços, não vingou, mas a amizade trouxe benefícios
significativos para a saúde dos colonos, pois havia tanto um médico, como um
dentista e um farmacêutico na fazenda.
Max Wirth Junior conta em sua crônica:
“Senhor Von Scheel chegou à Fazenda Suissa para tratar
da saúde das 200 famílias de colonos. Era um homem pequeno, delicado. Apesar da
postura ereta de oficial do exército prussiano, sempre se debruçava
profundamente para beijar a mão de uma dama. Ele era dentista. Não sabemos se diplomado
ou não, se autodidata ou formado às pressas em curso supletivo. Seja como for
ele extraía dentes, de preferência sem anestesia, utilizava um rotor movido à
pedal para fazer obturações, implantava próteses e dentes de ouro. Ele era
trêmulo, mas sempre sorridente, exercia seu ofício utilizando poucos
instrumentos porque não havia eletricidade, muito menos ar comprimido ou mesmo
água potável para garantir a higiene adequada e nem se fale em aparelho de raios-X.
Ele ia de colônia em colônia necessitando apenas um cômodo arejado com a janela
aberta... Nunca lhe faltava serviço e desta forma ganhava algum dinheiro,
aparentemente suficiente para si e sua delicada esposa. Ela era uma autentica
baronesa, sempre pálida e também trêmula, ora contente e amável, ora deprimida
e calada; uma mulher que havia conhecido dias melhores e sofria pela precariedade
das circunstâncias que somente era capaz de suportar porque seu querido marido
lhe providenciava uma tão premente injeção lenitiva em intervalos regulares. Logo
não havia mais segredo que a baronesa era dependente de morfina.
A
droga também podia ter sido fornecida por seu genro Dr. Guenther Dietrich, o médico,
de quem se dizia a boca pequena que era igualmente viciado. Mas o que nós
admirávamos com espanto era sua colossal fúria de fumante, acendendo um cigarro
no próximo com incansável maestria, de forma que nos perguntávamos se ele vivia
de ar ou fumaça. Nunca mais encontrei uma pessoa que conseguisse soprar a
fumaça tragada com tanta força simultaneamente pela boca como pelo nariz! Nas
visitas aos doentes das colônias ele sempre vestia seu rígido chapéu de feltro,
a gravata escura sobre camisa bem abotoada, suspensórios, bombachas e, no lugar
das botas, polainas sobre sapatos de cadarço, enfim um prussiano organizado da
cabeça aos pés, nervoso, extremamente disciplinado, um verdadeiro médico, porém
ele próprio um sofredor.”

