sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

1.Fazenda Suissa 1925 a 1955 (10)

1.6 Moradias (1)

As duas Casas Sede:
Depois da primeira derrubada em 1922 logo foram construídas muitas casas de madeira para acomodar os desbravadores acampados. Max Wirth fez para si uma casa com aproximadamente 200 metros quadrados, quatro quartos sala e cozinha. A princípio não havia banheiro, depois foi construído ao lado uma casa de banho de alvenaria que também abrigava o gerador à diesel.  Avarandada na volta toda e elevada do terreno natural era uma construção de madeira solidamente implantada no final da fila de casas de seus colaboradores mais próximos. Mesmo antes de ficar pronta ele chamou sua mulher Emilie com os 7 filhos para que viessem da Suíça acompanhá-lo em sua aventura. Seu filho Max Wirth Junior descreve esse evento com maestria:


“A casa de madeira. Saindo do palacete vermelho chamado Sonnenbuehl no Toggenburg (Suíça) onde havia todo conforto como água corrente quente e fria, calefação nos 11 quartos, jardim de inverno, sala de jantar e salão principal, a chegada nesse bangalô sobre palafitas, ainda inacabado, erguido entre toras da queimada e entulhos da obra, deve ter sido um choque para a mãe! Não me lembro do ano - acho que foi em agosto ou setembro - de qualquer maneira era logo após a queimada da mata já derrubada havia semanas, quando as cinzas ainda não estavam misturadas ao solo e a bruma da fumaça encobria a vista deixando o mundo tão triste como após uma devastação atômica. Era pedir demais de uma mãe, exausta após a viagem de três dias com sete filhos empoeirados, suados, famintos e sedentos, sem saber como seria o dia seguinte.


O pai nos havia esperado na estação ferroviária em Albuquerque Lins onde deveríamos ter chegado 2 ou 3 horas antes. Três carros de aluguel e o caminhão da fazenda estavam a postos e por ainda ser necessário percorrer aproximadamente 40 quilômetros seguimos sem mais delongas. No início da viagem havia plantações de café novo, arbustos redondos alinhados, havia carreiras de casas novas de madeira, pastagens e quiçaça, córregos e brejos, depois a verde mata fechada onde enormes borboletas azuis dançavam à nossa frente, acompanhando-nos por um trecho para em seguida desaparecer na selva. Depois a ponte precária sobre o rio, o rápido intervalo para colocar água no radiador e longas retas de estrada na floresta, uma parada num entroncamento e plantações novas. Pessoas nos cumprimentavam com cordialidade. Eram colonos da fazenda que acabavam de consertar o último trecho da estrada. Me lembro...que uma caixa de cerveja foi tirada do caminhão e as pessoas sedentas brindaram com bom humor. A cerveja espumava e transbordava; o auge desse dia de nossa chegada na fazenda Suiça...no final da longa viagem, lá estava nossa casa, o bangalô sobre palafitas...”


Em 1925 Max Wirth construiu para sua família uma casa de alvenaria, muito parecida em sua concepção com a primeira casa de madeira, porém mais confortável e localizada no ponto mais alto da fazenda. Seu principal colaborador, o gerente geral Ernst Loosli, passou a morar na casa de madeira. A foto abaixo mostra a pequena família recepcionando visitas na frente da casa e ao fundo se vê a casa de banho. Em 1936 a família Loosli se mudou para uma nova casa de alvenaria e Walter Schiller passou à morar na casa de madeira.




A casa de alvenaria era maior, também avarandada em três lados, com cinco quarto uma cozinha, um banheiro e salas de jantar e estar. O banheiro tinha duas portas: uma dava para o quarto do casal e outra dava para a varanda e era utilizada por todos os demais moradores da casa. Havia um tanque para lavar roupas no porão e o sótão servia de depósito.


As paredes das salas de jantar e estar eram revestidas com painéis de madeira de 1,50m de altura. Esse bonito detalhe foi importado da Suíça onde é muito utilizado para melhorar o conforto térmico nos invernos rigorosos, quando as paredes de alvenaria irradiam o frio. Não havia porta de ligação entre a cozinha e a sala de jantar, porém uma janelinha embutida na imensa estante com aparador servia de passador para as travessas de comida.

 Essa residência imitava o modelo das casas de bandeirantes, tão em voga na década de 1920 quando o Movimento Modernista redescobriu e passou cultivar valores brasileiros.


Em 1928 os filhos mais novos Hans, Max, Peter, Emil e Verena viajaram para a Suíça à fim de continuar seus estudos. As duas irmãs mais velhas Annemarie e Hanne já se encontravam lá e ficaram encarregadas de cuidar dos irmãos na ausência dos pais. Logo Max Wirth se mudaria para a Fazenda Paredão em Oriente, mas continuou utilizando essa sede sempre que vinha à Fazenda Suissa.

Todos os filhos, um após o outro exceto Annemarie, moraram transitoriamente nessa casa ao retornarem já casados da Suíça, antes de assumirem cada qual suas próprias responsabilidades nas empresas do pai.


Nenhum comentário:

Postar um comentário