sábado, 12 de dezembro de 2015

1.Fazenda Suissa 1925 a 1955 (9)
  
1.5 Saúde, Educação e Lazer (3)

Lazer:
Na colônia Santa Luzia tinha um campo de futebol grande onde todo sábado havia jogo. Ali também aconteciam as festas tal como descreve Max Wirth Junior em suas memórias:
“Festa na colônia: eis a inauguração festiva de uma das colônias com aproximadamente 20 casas duplas construídas em madeira sobre alicerce de alvenaria. Chegava gente à pé, à cavalo, de carroça e carro, foguetes subiam ao céu, bombinhas estouravam, bandeirolas esvoaçavam e jorrava espuma de cerveja quente das garrafas.

A sensação da festa era o boi no espeto! O churrasco é essencial para qualquer festa, carne à vontade para todos, o quanto cada um puder comer...O boi assado inteiro, a carne sendo cortada em lascas finas, oferecia especial satisfação aos olhos e ao olfato. Era o ano de1925 ou 26. O pessoal em trajes domingueiros, todos de chapéu, alguns de gravata, se vestiam com formalidade em sinal de respeito.”


Nos anos de 1940 a região de Guaimbê foi eletrificada. Com a vinda dessa nova fonte de energia as máquinas à vapor ficaram obsoletas. A sala da caldeira no final da linha de galpões destinados ao armazenamento e beneficiamento de café passou a abrigar o cinema. Todo sábado o ônibus Pássaro Amarelo trazia 4 grandes rolos de filme que eram apresentados depois do anoitecer.


Mas havia também os saraus dos suíços. Eles cantavam uma espécie de música suíça caipira chamada “Jodel” conforme relata Max Wirth Junior.


“ Na foto vemos a Família Farner, o pai, a mãe, Elsa, Amalie, Emma e Konrad...Não demorou muito para que a filha mais velha, Emma, viesse trabalhar em nossa casa pois já sabia cozinhar. Ela aprendeu culinária com a mãe e canto com o pai que cantava no coral masculino de Stammheim (Suíça) onde tocava um restaurante que chegou à beirar a falência, razão pela qual preferiu emigrar com a família para o Brasil. Quem gosta de cantar deve ter sentimentos e um pendor para o devaneio, e quando a vontade de fugir e o romantismo se misturam, emigrar surge como uma solução... Às vezes os Farner nos visitavam em casa, aí sempre cantávamos todos juntos. Ernst Loosli, o mais importante jovem colaborador de meu pai, sabia cantar o Jodel sem inibição com voz forte conforme a tradição dos Alpes Berneses. 


Juntamente com o timbre soprano de Emma, ou mesmo à três vozes afinadas, entoavam canções comoventes que soavam pela noite estrelada afora. Quando eram acompanhadas por Walter Schiller ao acordeom aí já havíamos um concerto respeitável de coral, cheio de emoções e após derramarmos algumas lágrimas saudosas o sarau se encerrava com o “evergreen” “Sah ein Knab ein Röslein stehn” ou o alegre ¨Dur’s Toggeburg uf und s’Toggeburg ab”. O canto pode construir pontes, até mesmo unir corações ou embelezar um acaso conveniente. Seja lá como for a cantoria ao luar teve efeito pois as três filhas dos Farner se casaram seguidamente: Emma com Loosli, Amalie com Schiller e Elsa com Meier.”


Elisabeth Loosli Massarollo, filha caçula de Ernst e Ema Loosli, relata que na escola havia também aulas de dança. As professoras ensinavam a valsa, o xote e a marcha. Havia uma vitrola que funcionava quando se dava corda para tocar os discos de vinil.
Elisabeth está no centro da foto ao lado de sua irmã mais velha Lily e dos irmãos Fritz e Ernst. Ao fundo o secador e a moega... 
Com tanta música na Fazenda Suissa não é de se estranhar que Elisabeth veio à se casar com Celso Massarollo, um verdadeiro pé-de-valsa...

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