quarta-feira, 12 de outubro de 2016

3.6 Fazenda Suissa (1985-2015) 2

O Clube
Nas décadas de 1980 e 1990 o cultivo de café ainda demandava muita mão-de-obra. Os tratos culturais e principalmente a colheita eram realizados manualmente. Por isso a fazenda contava com uma centena de funcionários, equivalente a uma população residente de aproximadamente 250 pessoas. Nesse cenário é fácil imaginar que havia quatro times de futebol, ou seja, veteranos, titulares, reservas e juniores, todos vestindo fardas coloridas.

 Todo ano Sr.Geraldo bancava uma festa no fim da colheita e quando esta ultrapassava 6000 sacas a festa se prolongava por dois dias. Havia muitas brincadeiras tradicionais com prêmios e troféus como pau-de-sebo, gincana para as crianças e a praça da mentira além da tradicional rodada de futebol. Em uma dessas festas memoráveis o primeiro prêmio da gincana foi uma linda bicicletinha que ficou exposta sobre uma mesa. Já o prêmio do maior contador de causos da praça da mentira, ficou pendurado no alto de uma árvore e era um belo pacote feito com a embalagem da bicicletinha. Após quatro horas de causos e mentiras o concurso foi encerrado e o maior mentiroso, cheio de esperança, subiu na árvore, alcançou aquele pacote enorme e pôs se a desembrulhar, desembrulhar e desembrulhar, até chegar finalmente ao seu prêmio – um anzol. Os outros prêmios pendurados na mesma árvore eram uma vara e um molinete enfim, coisas de pescador...

As festas de fim de colheita foram primeiramente realizadas na garagem de tratores, mas se fazia necessário organizar um local apropriado ao lado do campo. Em 1986 foi construído o clube. Sr. Aderbal Melvino, junto com João Carlos Panza, mais conhecido como Baca, fizeram o madeiramento. Posteriormente Sr. Oriel Monteiro construiu o fogão-à-lenha e ainda se vê a assinatura de Sr. Carlos Maiello, conhecido como Carlito, no piso cimentado. A exemplo de muitos outros Sr.Carlito criou seus filhos na labuta do café e posteriormente passou a trabalhar na equipe de construção e manutenção.


Em 2015 o telhado de zinco foi substituído por telhas de concreto de fabricação própria, as tesouras maiores foram reforçadas e banheiros novos foram construídos. Para realizar essa reforma foi contratada uma equipe de Garça sob o comando do carpinteiro Claudionor Lopes. O galpão tem duas alas laterais que se unem no meio formando um espaço maior. Na ala oeste fica a cozinha caipira com o fogão à lenha e os banheiros.


 A Escola
A primeira sala de aula foi construída na década de 1920 colada à casa do farmacêutico. O conjunto era alinhado com a Casa do Fiscal que ficava mais adiante. Logo a escola foi ampliada com outra sala e no espaço livre entre as construções o fiscal geral Sr. Olavo ergueu uma garagem para o caminhão. Mais tarde, já nos anos 1950, faltou espaço para a farmácia, então o caminhão foi colocado na garagem dos tratores cedendo o lugar à farmácia. No final dos anos 1960 a farmácia foi desativada e o espaço foi transformado em refeitório para os alunos da escola. Já nos anos 1980 o estudante de educação física Bosco Panza, o filho mais velho de Dona Dora e Sr. Ernesto, promovia bailes nas noites de sábado embalados ao som da vitrola emprestada pela mãe. Aos domingos Sr. Benedito Rodrigues, que durante a semana fiscalizava uma turma no cafezal, dava aulas de catequese como podemos ver na foto cedida por Shirley Panza, a Baixinha filha de Baca.


  
O Postinho
Em 1973 o então administrador Ernesto Öhninger contratou o Sr. Ernesto Panza, o mecânico que tocava uma oficina em Guararapes junto com seus filhos. Ele mudou com a família para a antiga casa do fiscal. À partir de 1984 os filhos Tinho (Ernesto Panza Filho) e Baca (João Carlos) passaram a ajudá-lo na oficina e a operar a serraria. 


 Nesse mesmo ano Baca construiu para si e sua esposa uma edícula entre a casa dos pais e a velha garagem onde funcionava então o refeitório da escola. Em 1986 foi um ano de sorte para a família Panza. A filha Rose ganhou na loteria e Sr. Ernesto se aposentou. Rose levou os pais consigo para Mogi Guaçú deixando a Casa do Fiscal livre para a família de Baca.
Em 1991 a edícula foi reformada e nela passou a funcionar o Posto de Saúde. Uma enfermeira fazia atendimentos rotineiros como medir pressão, coleta de material para exames e vacinação. Dr. Seisu Komesu, que posteriormente se tornou prefeito de Guaimbê, também atendia à cada quinzena no postinho da Fazenda Suissa.


O Novo Milênio
Na década de 1990 os cafezais já estavam severamente acometidos por nematódeos, parasitas que infestam o solo e corroem as raízes dos pés de café. Apesar dos cuidados tomados para evitar sua expansão os cafezais foram minguando aos poucos até a total erradicação dos 350.000 pés que havia na fazenda. Grande parte dos trabalhadores ficou ociosa. Num período de quase 15 anos o quadro de funcionários foi reduzido até restarem no final apenas uma meia dúzia.  
Por fim, da década de 1990, o Grupo Escolar da Fazenda Suissa foi desativado dentro da então vigente política de nucleação das escolas, um programa que aboliu quase todas as escolas rurais do Estado de São Paulo. A prefeitura de Guaimbê enviava um ônibus escolar para levar os poucos alunos até a cidade. A casa do primeiro fiscal Sr. Olavo Arantes, que serviu também de moradia para a Família Panza foi ocupada por último pela família do encarregado da manutenção da fazenda, o construtor Oriel Monteiro.  



 Em 2004 foi elaborado um projeto para transformar o conjunto do da Escola/ Refeitório/ Postinho /Casa do Fiscal em Centro de Eventos. Em 2006 a Construtora Yamashita, que dividia o escritório com a empresa de projetos do casal de arquitetos, ora proprietários da fazenda, ajudou na reforma total desse conjunto, desde o reforço das fundações, construção do alpendre, dos banheiros novos, revisão de esquadrias e telhados, assentamento de pisos até a pintura.


Nenhum comentário:

Postar um comentário