1.Fazenda
Suissa 1925 a 1955 (10)
1.6
Moradias (1)
As
duas Casas Sede:
Depois da primeira derrubada em 1922 logo foram
construídas muitas casas de madeira para acomodar os desbravadores acampados.
Max Wirth fez para si uma casa com aproximadamente 200 metros quadrados, quatro
quartos sala e cozinha. A princípio não havia banheiro, depois foi construído
ao lado uma casa de banho de alvenaria que também abrigava o gerador à diesel. Avarandada na volta toda e elevada do terreno
natural era uma construção de madeira solidamente implantada no final da fila
de casas de seus colaboradores mais próximos. Mesmo antes de ficar pronta ele
chamou sua mulher Emilie com os 7 filhos para que viessem da Suíça acompanhá-lo
em sua aventura. Seu filho Max Wirth Junior descreve esse evento com maestria:
“A casa de madeira. Saindo do palacete vermelho
chamado Sonnenbuehl no Toggenburg (Suíça) onde havia todo conforto como água
corrente quente e fria, calefação nos 11 quartos, jardim de inverno, sala de
jantar e salão principal, a chegada nesse bangalô sobre palafitas, ainda
inacabado, erguido entre toras da queimada e entulhos da obra, deve ter sido um
choque para a mãe! Não me lembro do ano - acho que foi em agosto ou setembro - de
qualquer maneira era logo após a queimada da mata já derrubada havia semanas,
quando as cinzas ainda não estavam misturadas ao solo e a bruma da fumaça
encobria a vista deixando o mundo tão triste como após uma devastação atômica.
Era pedir demais de uma mãe, exausta após a viagem de três dias com sete filhos
empoeirados, suados, famintos e sedentos, sem saber como seria o dia seguinte.
O pai nos havia esperado na estação ferroviária em
Albuquerque Lins onde deveríamos ter chegado 2 ou 3 horas antes. Três carros de
aluguel e o caminhão da fazenda estavam a postos e por ainda ser necessário
percorrer aproximadamente 40 quilômetros seguimos sem mais delongas. No início da
viagem havia plantações de café novo, arbustos redondos alinhados, havia
carreiras de casas novas de madeira, pastagens e quiçaça, córregos e brejos,
depois a verde mata fechada onde enormes borboletas azuis dançavam à nossa
frente, acompanhando-nos por um trecho para em seguida desaparecer na selva. Depois
a ponte precária sobre o rio, o rápido intervalo para colocar água no radiador
e longas retas de estrada na floresta, uma parada num entroncamento e
plantações novas. Pessoas nos cumprimentavam com cordialidade. Eram colonos da
fazenda que acabavam de consertar o último trecho da estrada. Me lembro...que uma
caixa de cerveja foi tirada do caminhão e as pessoas sedentas brindaram com bom
humor. A cerveja espumava e transbordava; o auge desse dia de nossa chegada na
fazenda Suiça...no final da longa viagem, lá estava nossa casa, o bangalô sobre
palafitas...”
Em 1925 Max Wirth construiu para sua família uma casa
de alvenaria, muito parecida em sua concepção com a primeira casa de madeira,
porém mais confortável e localizada no ponto mais alto da fazenda. Seu
principal colaborador, o gerente geral Ernst Loosli, passou a morar na casa de
madeira. A foto abaixo mostra a pequena família recepcionando visitas na frente
da casa e ao fundo se vê a casa de banho. Em 1936 a família Loosli se mudou para uma nova casa de alvenaria e Walter Schiller passou à morar na casa de madeira.
A casa de alvenaria era maior, também avarandada em
três lados, com cinco quarto uma cozinha, um banheiro e salas de jantar e
estar. O banheiro tinha duas portas: uma dava para o quarto do casal e outra
dava para a varanda e era utilizada por todos os demais moradores da casa. Havia um tanque para lavar
roupas no porão e o sótão servia de depósito.
As paredes das salas de jantar e estar eram revestidas
com painéis de madeira de 1,50m de altura. Esse bonito detalhe foi importado da
Suíça onde é muito utilizado para melhorar o conforto térmico nos invernos
rigorosos, quando as paredes de alvenaria irradiam o frio. Não havia porta de
ligação entre a cozinha e a sala de jantar, porém uma janelinha embutida na
imensa estante com aparador servia de passador para as travessas de comida.
Essa residência
imitava o modelo das casas de bandeirantes, tão em voga na década de 1920
quando o Movimento Modernista redescobriu e passou cultivar valores
brasileiros.
Em 1928 os filhos mais novos Hans, Max, Peter, Emil e
Verena viajaram para a Suíça à fim de continuar seus estudos. As duas irmãs
mais velhas Annemarie e Hanne já se encontravam lá e ficaram encarregadas de
cuidar dos irmãos na ausência dos pais. Logo Max Wirth se mudaria para a
Fazenda Paredão em Oriente, mas continuou utilizando essa sede sempre que vinha
à Fazenda Suissa.
Todos os filhos, um após o outro exceto Annemarie,
moraram transitoriamente nessa casa ao retornarem já
casados da Suíça, antes de assumirem cada qual suas próprias responsabilidades nas
empresas do pai.
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