3.6
Fazenda Suissa (1985-2015)
Após o falecimento do Dr. Pedro em 1975 as fazendas do
espólio ficaram aos cuidados de Jorge Schweizer, o genro mais velho. No ano
seguinte o filho Markus Max Wirth veio auxiliá-lo nessa tarefa, após concluir o
curso de engenharia agronômica. Eles conduziram os negócios de forma
conservadora e cuidadosa até todos os 5 filhos de Dr. Pedro e Dona Margot assumirem suas próprias fazendas, dissolvendo
assim o espólio.
A Fazenda Suissa, da qual a Fazenda Sabiá havia sido
desmembrada em 1965, passou para a responsabilidade de Isabel e Gerhard Spiller
em 1982. Sendo ambos arquitetos trabalhavam principalmente no escritório de
arquitetura que mantinham em Marília onde também moravam.
Gerhard Spiller, mais conhecido como Sr.Geraldo,
assumiu a gerência da Fazenda Suissa. Para melhor administrá-la, contratou
Ismael Queiroz de Souza, engenheiro agrônomo recém chegado da Costa do Marfim
onde passou alguns anos à serviço do governo brasileiro num convênio bilateral.
Ismael, a esposa Nilsa e a filha Cínthia se acomodaram na velha casa do
administrador. Ismael cuidava dos cafezais e Nilsa da escola freqüentada pelos
filhos dos mais de 100 funcionários que ainda moravam na fazenda.
Havia aproximadamente sessenta anos que a família
proprietária não morava na Fazenda Suissa, mas supervisionava os
administradores através do escritório central localizado na Fazenda Paredão no
município de Oriente. Nesse período a Fazenda Suissa foi gerida com rigor
técnico sem luxo nem asseio. As lavouras e o gado estavam sempre bem cuidados,
mas na sede o lixo se acumulava havia décadas. Na rua de acesso principal que
passava em frente da casa do fiscal, do escritório, da casa do administrador e
terminava no casarão, havia jardins razoavelmente arrumados, já nas colônias,
na serraria, e na oficina reinava o caos nos quintais e galpões abandonados.
Para sanear essa área Sr. Geraldo fez um novo acesso, reorganizando a sede pelo
avesso.
O
Escritório Novo:
Junto à colônia havia um grande galpão que abrigava a
serraria e a oficina. Serra tico-tico, desengrossadeira, tupia, serra circular,
furadeira de bancada, a grande serra francesinha, enfim todo o maquinário
antigo abarrotava o galpão e estava em pleno funcionamento. Os moradores da
colônia utilizavam um atalho que atravessava a serraria passando no meio desse
maquinário. Por aí as crianças cortavam caminho para ir à escola e os adultos
para ir ao escritório. Era uma situação perigosa e muito precária.
Aproveitando o ensejo do novo acesso Sr. Geraldo deslocou
o galpão 40 metros à nordeste para integrá-lo na área de produção. O espaço que
era da oficina se tornou o novo escritório receptivo da fazenda e a oficina foi
transferida para o galpão ao lado. Um pastinho passou à separar a área de
moradia da área de produção.
O escritório tem duas amplas salas, dois banheiros,
copa e almoxarifado. As paredes de bloco cerâmico aparente formam nichos de
armários intercalados por vidros basculantes e longas clarabóias de fibra de
vidro compõem losangos sobre as vidraças na fachada. Duas portas pivotantes
estruturadas com o logotipo da fazenda dão acesso às salas.
Bem se nota o traço do arquiteto Gerhard Spiller. Para
tocar a obra ele buscou um amigo construtor, Sr. Juventino, em Curitiba. Além
disso, ele contratou uma equipe local formada pelo Sr. Sebastião Lopes Faria,
seus dois filhos Marcos e Mauro e o jovem aprendiz Mauro Pereira Maciel.
Desmontar e reconstruir a cobertura com suas tesouras
de 17 metros foi uma façanha. Conseguiram dominar a tarefa com ajuda de um mastro
de 7 metros de altura firmemente apoiado sobre um pranchão e diagonalmente estaiado
com 4 cordas. Cada tesoura era içada através de uma roldana no topo do mastro
e, uma vez alcançada a altura necessária, ambas as pontas era encaixada nos
pés-direitos. Em seguida Marcos e Mauro soltavam 2 estais e o pranchão era
empurrado para diante. O mastro pendia, porém os outros estais garantiam uma
estabilidade precária. O jovem aprendiz Mauro Maciel observava rezando para que
a parafernália toda não desabasse no chão antes de alcançar as próximas colunas
onde seria içada mais uma tesoura. Assim, de susto em susto, o galpão foi
reerguido enchendo de orgulho todos que participaram dessa aventura. Hoje
Marcos Faria administra sua loja de materiais de construção, o irmão Mauro
Faria segue o ofício de construtor como seu finado pai e Mauro Maciel é chefe
de maquinário na garagem da prefeitura de Guaimbê.
A
Oficina Nova, mas nem tanto
A velha oficina que ficava em uma ponta do galpão da
serraria era um beco escuro: paredes de tábuas meladas de graxa, baús e
armários abarrotados com peças e ferramentas. Sr. Ernesto Panza reinava até
então nesse império de aparente desordem resolvendo qualquer problema mecânico
que alguém lhe trouxesse. Com freqüência desmontava inteiramente um motor de
trator para, depois de saneado o defeito, remontá-lo e tudo voltava a
funcionar. Por vezes sobravam parafusos ou porcas nessas operações, mas ele
jogava as sobras num canto resmungando sobre a ineficiência dos fabricantes que,
em sua opinião, sempre utilizavam material em excesso.
Com a mudança da serraria e a construção do escritório
a oficina ficou desalojada num primeiro momento. Logo Sr. Geraldo fez uma
adequação no galpão ao lado, onde ele instalou uma oficina mecânica bem
organizada. Nesse intervalo Sr. Ernesto Panza se aposentou e o administrador
Ismael chamou Sr. Walter, seu cunhado e companheiro de estada na África. O filho
caçula dos Panza, Ernestinho, ajudou o novo mecânico durante mais alguns anos.